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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Lembranças de infância.

Foi há mais de 30 anos, mas lembro-me como se fosse hoje, em uma tarde fria, na cama deitado com minha avó materna:

- Vó quem são os pais do seu pai, o biso Tito?
- Do Tito? Nono Zepherino e nona Luiza.
- E da bisa Caté, sua mãe?
- Nona Doralice e Carlo.
- Ah tá... Do lado do vovô, você saberia os nomes dos pais do biso Golhito?
- Acho que Manoel e Josepha. Mas porque você quer saber tantos nomes assim?
- Por curiosidade vó, só isso...
Na verdade, acho que já estava em busca dos meus ascendentes.

Fui criado pelos meus avós maternos, pois meus pais são deficientes auditivos. E por residir perto deles, foi com quem mais convive; não estando próximo com os familiares do meu pai.

A mãe do meu pai faleceu quando ele tinha 16 anos e meu avô, quando eu tinha 7 anos. Meus cinco tios, também não estavam no meu convívio; portanto da família Ricardo nunca tive informações sobre meus antepassados. Apenas me recordo perfeitamente de pelo menos uma vez por mês até meus 10 anos, visitar minha bisavó que era avó paterna do meu pai e vivia com uma filha; tia do meu pai. Casada ela tinha dois filhos, primos do meu pai. Esta tia foi responsável em ajudar na criação do meu pai e seus irmãos juntamente com minha bisavó, após a morte da cunhada.

A ligação com meus avós maternos é até hoje, muito presente e com laços afetivos que durarão eternamente. Saí da casa deles apenas quando iniciei a constituição de um novo núcleo familiar, há 18 anos. Mas residindo muito próximo, para auxiliar no cuidado deles.

 Antes do falecimento do meu avô materno, ele me deixou várias pastas com documentos, papéis diversos e fotos antigas. Como herança de família, para no futuro ter recordações de todos. E após dois anos da sua morte no início de 2016,  comecei a organizar este "baú de recordações". 


Cartas do meu bisavô para a
família no Brasil.
(Arquivo Pessoal)
Eis que encontro cartas escritas e provenientes da Espanha, da província de Málaga, do pueblo de Alhaurin de La Torre. Estas três cartas foram escritas pelo meu bisavô Golhito, pai do meu avô materno quando este esteve pela última vez em sua cidade natal. Reencontrando parentes após mais de 60 anos de quando partiu com seus pais e irmãos para o Brasil, em busca de uma vida melhor e fugindo principalmente da fome que assolava toda Europa.

Nestas cartas havia um endereço onde meu bisavô hospedou-se por quase dois meses, e que seria o meio de contato caso meu avô precisa-se falar com ele.

Tendo este endereço em mãos, escrevi manualmente uma carta e enviei como antigamente, por correspondência postal para o referido endereço. Eis que após 45 dias recebo uma resposta, que mudaria toda minha vida a partir daquele instante.


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